Avançar para o conteúdo principal

Bernardo Marques de Campos

Maria Rosária de Campos nasceu no Outeiro (Cabanas) em 1760, sendo filha de Francisco Pais, de Canas, e de Maria Bernarda de Campos, que vendia peixe em Cabanas. Rosária (ou Rosália, conforme a preferência do pároco, no papel de conservador) casou em 1783 com José Marques, de Beijós, tendo o casal instalado morada no bairro que hoje se chama Lugar d'Além. Devido à atividade da mãe, puseram-lhe em Beijós o cognome de Peixeira. Tiveram seis filhos, dois dos quais morreram de tenra idade. Chegaram à idade adulta:

  1. Jacinto Marques da Costa, morto em combate na Guerra Peninsular, com 25 anos. Pertenceu ao RI 11, que na altura se formou em Viseu. Entre 1808 e 1810 foi ferido várias vezes, não tendo resistido da última, em Junho de 1810.
  2. José Marques Peixeiro faleceu em Beijós com 38 anos, solteiro e sem descendentes. Deixou como herdeiro o irmão Bernardo, protagonista deste post.
  3. João Marques Peixeiro casou com Maria Pais [do Amaral] de Abrantes [Rato]. Faleceram ambos de uma peste em 1823, ela com 30 e ele com 33, deixando órfãos o João (10 anos) e a Maria (7), que viriam a instituir o sobrenome Peixeira em Beijós por muitas gerações.
  4. Bernardo Marques de Campos seguiu uma interessante carreira militar, que motivou esta publicação.

Bernardo nasceu em Beijós em 17-11-1792, faz hoje 231 anos. Foi baptizado passados oito dias, sendo padrinho Bernardo da Costa Coelho, natural do Carvalhal de Tondela e marido de uma prima direita da Rosária. Assentou praça com 19 anos e teve uma progressão lenta, chegando a 2.º sargento aos 30. É nesse posto que serviu numa expedição à Baía em 1823.

Deixou a carreira em 1824, mas deve ter sentido saudades, alistando-se de novo em 1826. Rapidamente recuperou o posto de sargento e foi nesse que foi condecorado pelo Ministério da Guerra com a Real Efígie do Senhor Dom Miguel I em 1829. Após a condecoração participou na Batalha da Praia da Vitória pelo lado Miguelista, tendo sido feito prisioneiro. Foi reciclado pelo exército liberal, voltando a ser praça pela terceira vez! Desta a ascensão foi bastante rápida, sendo Alferes do Batalhão de Caçadores n.º 2 em 1833. É nesse posto que chega à Praça de Elvas em 1837, sendo destacado no ano seguinte como Tenente Adido à praça de Campo Maior, a sua área de residência desde que voltou da Baía.

Casou com Maria José Queimado por volta de 1823. Tiveram alguns filhos que morreram crianças. A única que chegou à idade adulta, Maria da Glória Queimado, faleceu donzela em 1872 com 46 anos. O Tenente Bernardo falecera em 22 de Maio de 1852 na sua casa da R. de Vasco Sardinha, vítima de pneumonia. Foi sepultado no dia seguinte no cemitério que então existia, anexo ao Convento de Santo António. Maria José faleceu em 1888, dizendo o assento de óbito que era viúva e não deixou filhos. 

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Diogo Coelho de Moura

Nasceu em Beijós faz hoje 215 anos, no mesmo dia em que a mãe faleceu. Aos três anos perdeu também o pai, ficando ao cuidado da madrasta, eventualmente com ajuda das tias maternas. Teve formação nas letras, como se depreende pela bela caligrafia que apresentava por volta dos 14 anos. Alistou-se no Regimento de Milícias de Tondela, donde passou para o "exército do usurpador" (D. Miguel), incorporando as forças liberais em 1833. Terá saído do exército um ou dois anos depois, fixando-se em Beijós. É já casado com Maria José da Alegria, nascida em Midões, mas baptizada em Cabanas, que assume protagonismo no envolvimento de Beijós no chamado Cisma , o qual deve ser entendido no quadro da oposição popular do mundo rural ao novo regime liberal. Efetivamente, em Beijós e arredores, há vários pontos de contacto entre estas 'lutas eclesiásticas' e os inúmeros episódios de violência e terror envolvendo partidários do cartismo e do miguelismo. A figura acima mostra as relaçõe...

João Nunes da Costa (Pe.)

O Pe. João Nunes da Costa terá vivido desde finais de XVI em Beijós, onde faleceu faz hoje 388 anos. Terá nascido em Silvares (Silgueiros) entre 1560 e 1570, sendo filho de Mécia de Figueiredo e neto materno de Diogo Lopes de Figueiredo. Do lado paterno a linhagem mais próxima é de clérigos. O pai, António da Costa Homem, foi Abade da Lajeosa, onde faleceu em 1602. O avô foi outro Pe. João Nunes da Costa, com ascendência conhecida na família Costa da Lajeosa. Não tenho nenhuma informação sobre os feitos do Pe. João, a não ser os seis filhos de três mulheres solteiras, que documentadamente perfilhou. De casadas não reza a História.   Transcrição feita por um inquisidor de uma carta de perfilhação de João Nunes [da Costa] e de Manuel da Costa [Homem], filhos do Abade da Lajeosa De forma resumida, é esta a descendência imediata do padre João: Filhos de Violante de Loureiro, natural de Tondela: Bernardo da Costa cc Simoa Heitor em 1649, desconhecendo-se descendência deste casal. Teve u...