Nasceu em Beijós em fevereiro de 1710 e foi batizado em 3 de março. Irmão do meu 8.º avô paterno Pedro da Costa e do meu 7.º avô materno Sebastião da Costa, bem como de João da Costa, que deixou por aí descendentes Loureiro, e de Manuel da Costa, que deixou este sobrenome não só em Beijós, como em Sangemil e Pardieiros. Era descendente dos Costas da Lajeosa, quer por via materna (trineto do Pe. João Nunes da Costa), quer pela paterna, sendo neto do Pe. Manuel da Costa, que era trineto de Jorge da Costa Homem, irmão do Abade António da Costa Homem.
Depois do batismo, o documento do Matias mais antigo que encontrei foi uma justificação para casar com Margarida da Cunha, o que viria a suceder em fevereiro de 1733 na igreja que é hoje a Sé de São Paulo, sob fiança de 20 mil reis, até que chegasse de Beijós a confirmação do batismo e a declaração que daqui tinha saído solteiro e bom rapaz. Nesse processo foram arroladas testemunhas declarando que o conheciam "há três ou quatro meses", depreendendo-se que saíra de Beijós em julho de 1732, chegando a São Paulo em finais de setembro, depois de 18 dias no Rio.
Matias viuvou com cerca de 28 anos e casou segunda vez em finais de 1739 com Ana Maria de Camargo de Oliveira, moça com boa posição na sociedade paulistana por ser trineta de dois 'aventureiros' castelhanos que se fixaram em São Paulo no início do domínio filipino: Josep de Camargo e Juan de Santa Maria. Este casamento permitiu a Matias granjear o capital social e económico que lhe garantiu um papel político relevante na cidade: foi almocatel em 1743, procurador do conselho em 1744 e vereador em 1758. Além disso, nos últimos 20 anos da sua vida, foi o Capitão de Milícias dos bairros do Ó e de Santana, que ainda hoje existem com essa designação na margem norte do Tietê, mas que na época eram constituídos por sítios onde se produzia algodão, milho, feijão e, nas áreas inundadas, arroz. O registo de óbito (20-7-1763 no bairro de Santana) diz que pertencia à Venerável Ordem Terceira.
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Cópia das assinaturas de tomada de posse da Câmara de São Paulo em 1744. A de Matias é das mais elaboradas, sugerindo que teve boa formação nas letras. |
Os filhos da segunda mulher - Bento José de Figueiredo, casado em 1763, e Francisco Xavier de Figueiredo, casado em 1769 - tiveram os seus próprios sítios em Santana, para além do da viúva. Vários filhos de Bento e Francisco migraram para norte, seguindo os caminhos abertos um século antes na procura de minas. Fixaram-se em áreas rurais próximas das atuais cidades de Atibaia e Jarinu.
O primeiro filho de Matias, José da Costa de Figueiredo, estabeleceu-se um pouco mais a norte, em Nova Bragança, atual Bragança Paulista. Nascido em São Paulo em 1734, casou pela primeira vez em Atibaia em 1755 com Margarida Pedroso de Morais, natural de Guarulhos, mas que foi com os pais para Bragança ainda de tenra idade. Margarida não teve filhos, mas José teve pelo menos dois bastardos que ficaram com os sobrenomes e com alguns dos seus recursos: Reginaldo da Costa de Figueiredo(*) nascido cerca de 1769 e Bento da Costa de Figueiredo, nascido cerca de 1773. Após a morte de Margarida, José casou em 1795 com Ana Rosa de Jesus, 30 anos mais nova. A situação económica do casal foi-se degradando, de tal forma que em 1805 já não tinham escravos e em 1811 o pároco escreveu no assento de óbito de José que este não tinha de que testar.
Cinco ou seis anos após a morte de José, a viúva, Reginaldo e toda a família de Bento, migraram mais para norte, assentando na margem esquerda do Rio do Peixe, numa área que hoje pertence à cidade de Lindóia. O censo de 1822 regista a casa de Bento, com oito filhos, a casa de Reginaldo, viúvo e morando sozinho, e a da viúva de José, vivendo com apenas dois filhos, um dos quais era António da Costa de Figueiredo, que no ano seguinte viria a casar com a filha mais velha do seu meio-irmão Bento. Apesar de este casal não ter tido filhos, é o primeiro exemplo dos muitos casais endogâmicos que se estabeleceriam nos cem anos seguintes, resultando num bairro com grande concentração de residentes com os sobrenomes da Costa de Figueiredo. Em finais do séc. XIX ganhou a designação de Bairro dos Costas, que ainda perdura.
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Extrato do censo de Mogi Mirim de 1822. Bento e Reginaldo aparecem em dois registos seguidos. A madrasta surge dois lugares mais abaixo, com os filhos António e Maria. |
(*) A história de vida de Reginaldo é um exemplo típico da estratégia de acumulação de capital da sociedade rural paulista do séc. XVIII. Sendo bastardo, casou jovem com uma viúva, cunhada do pai, beneficiando do capital acumulado pelo anterior marido da mesma. Casou segunda vez com uma mulher vinte e tal anos mais nova. Casou terceira vez com uma mulher 50 anos mais nova, que não teve de esperar muito para ficar viúva com um bom 'dote' para casar com um homem jovem e recomeçar o ciclo.
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